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Comer de Carne

A identidade de Coruche à mesa

"Comer de Carne" é uma mostra enogastronómica que celebra e demonstra os costumes, a autenticidade e os produtos únicos de Coruche numa experiência imersiva em tradição e sabores. Durante dois dias de novembro o prato “Comer de Carne” é preparado com saber e genuinidade singulares em restaurantes e quintas da região. Showcooking em pleno Vale do Sorraia, vinhos de excelência, produtos locais e gastronomia autêntica unem-se à celebração do Dia Mundial do Enoturismo num momento imperdível de comemoração da mais apetitosa herança de Coruche, onde “comer” é substantivo.

A mostra enogastronómica “Comer de Carne” é uma oportunidade imperdível de imergir em Coruche pelo paladar e a garantia de que os produtos locais são preservados e apreciados. Ao longo de todo o ano os visitantes do concelho de Coruche podem desfrutar de produtos locais de excelência, como vinhos, carnes do montado e enchidos - testemunhos de paixão e respeito pelas tradições, reveladores da alma e das raízes do território. O prato “Comer de Carne”, também conhecido entre as gentes de Coruche como “Sopas de Carne”, é uma celebração de sabores genuínos que resistem ao teste do tempo e uma homenagem à riqueza da gastronomia tradicional.

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Da origem ao presente

Filipa Pereira e Telmo Ferreira:

"Comer de Carne", décadas de saber e sabor

 

Um documentário de Tânia Prates e Telmo Ferreira

"Comer de Carne", décadas de saber e sabor
Município de Coruche

"Comer de Carne", décadas de saber e sabor

O passado

As origens do "Comer de Carne", a sopa de Coruche

Nos campos agrícolas do Sorraia a alimentação quotidiana espelhava as dificuldades económicas vividas pelos trabalhadores rurais. A carne do porco de criação doméstica e os produtos sazonais de horta familiar eram recorrentes na humilde dieta diária, mas não raras vezes um trago de vinho e uma simples posta de bacalhau ou uma sardinha acompanhadas de pão e azeitonas serviam para enganar estômagos entre quartéis de trabalho.

Na copa do rancho a cozinheira tratava de fazer o lume de chão, onde dispunha as pequenas panelas de barro previamente preparadas pelos camaradas de trabalho e cuidava da cozedura do almoço de todos na cocaria - conjunto de panelas de barro em lume de chão nas quais se confecionava o “Comer de Carne”, também designado “Sopas de Carne”, pela mão da coqueira de serviço (cozinheira).

A coqueira assumia um papel primordial na organização do trabalho rural. Determinava o sítio do fogão, colocava as misturas nas panelas de barro e havia épocas do ano em que assegurava três refeições diárias. Também tomava conta das crianças, filhos dos trabalhadores rurais. As cocarias - panelas de barro - eram dispostas em cordões que ladeavam os grandes lumes e colocadas com as barrigas encostadas às brasas.

Antes de iniciar a jornada, cada trabalhador colocava uma tigela ou um cartucho com a mistura para a refeição do meio-dia atrás da sua panela. O lume era mantido forte e as panelas eram vigiadas pela coqueira ou por um dos trabalhadores especialmente escalado para a tarefa, a quem cabia manter o lume e o caldo na medida certa, vigiar a cozedura, introduzir os ingredientes e provar. Em suma, garantir que os trabalhadores fruíssem de uma refeição de qualidade. Este método rural de cozinhar em lume de chão garante uma sapidez única devido à equação de tempo de cocção, calor lento e recipiente fechado. Eis a origem do "Comer de Carne". 

O presente

Tradição e autenticidade da mais genuína gastronomia contemporânea

A gastronomia de Coruche reflete as tradições e os saberes enraizados na comunidade. "Comer de Carne" é disso paradigma - um prato que transcende o conceito de mera refeição, tornando-se símbolo de conexão profunda com a herança cultural e gastronómica da região. Muito mais do que uma simples receita, é um testemunho de respeito pela tradição transmitida por gerações e a revelação da alma rural de um território, cujas raízes se entrelaçam com os sabores e aromas deste prato único, autêntico. Cada garfada é uma viagem no tempo, a uma jornada da laboriosa história de Coruche, celebrada com simplicidade e paixão.

Com significado profundo para os coruchenses, a iguaria está intrinsecamente ligada à identidade da região e à vida quotidiana, sendo um exemplo notável de como a culinária manifesta a cultura e a tradição de um povo, simbolizando a coesão da comunidade e a preservação de valores culturais comuns. Assim substantivado, o "Comer de Carne", também conhecido localmente como “Sopas de Carne”, é, portanto, mais do que um prato regional: é uma cápsula do tempo, da memória e dos sentidos.

Hoje, cada família, restaurante ou cozinheiro local adiciona o seu toque único à receita, tornando-a uma experiência gastronómica diversificada e rica em nuances, o que demonstra a vitalidade da tradição e o seu potencial evolutivo. Hoje, o Comer de Carne está nos cardápios dos restaurantes locais, servido como homenagem às raízes da comunidade, estimulando memórias afetivas e sensoriais que se reeditam em experiências inesquecíveis.

“Comer de Carne” é um tributo à dedicação da comunidade coruchense, que preserva orgulhosamente as suas raízes, lembrando-nos que a tradição, quando celebrada e partilhada, é um tesouro.

Testemunhos

Modos de vida e saberes

Comer de Carne por António Macedo do restaurante Sabores de Coruche
Município de Coruche

Comer de Carne por António Macedo do restaurante Sabores de Coruche

António Macedo, proprietário do restaurante Sabores de Coruche, lembra tempos idos de trabalho no campo, do labor zeloso da coqueira, da cocção lenta, em panela de barro no lume de chão. Sabores inolvidáveis de há seis décadas, evocados a 9 e 10 de novembro de 2024 na mostra enogastronómica Comer de Carne

Comer de Carne por Maria José do restaurante Ó Manel
Município de Coruche

Comer de Carne por Maria José do restaurante Ó Manel

Maria José, cozinheira do restaurante Ó Manel, foi jovem coqueira nos campos de trabalho agrícola. Recorda técnicas e ingredientes transmitidos de geração em geração e revela segredos da confeção e do sabor único de Comer de Carne, rememorado a 9 e 10 de novembro de 2024, em Coruche, onde “comer” é substantivo

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